Existência

Travas a morte e a vida!
Fecham os ciclos!
Calada, atada ao corpo!
Farfalhar de seda
Se existem duas datas!
Amo, amo, vejo a viagem
Nascimento e morte!
Não te condeno, gélido olhar
Te absolvo do imenso abismo
Que cavastes em minha alma! Meu olho é meu guia
Existência única!
As crianças ainda dormem
O sono profundo!
A vida a passos largos
Afinal sou poeta!
E a natureza é viver
Afinal!

(Margareth Rech)

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia

Poema-Inspiração

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas—a da minha nascença e a da minha morte
Entre uma e outra coisa todos os dias são meus.
Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as coisas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

(Alberto Caeiro)

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