CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS




Unifeso realiza oficina participativa no bairro Castelinho

09/07/2025 17:40:27

Atualizado em 10/07/2025 11:00:00

No dia 31 de maio, alunos e professores dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Direito do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) participaram da oficina Cartografando Histórias: transformações temporais e espaciais do bairro Castelinho – Teresópolis. A atividade foi realizada no próprio bairro, como parte da pesquisa integrada entre os dois cursos, que tem como foco o direito à cidade, à moradia e à valorização das memórias territoriais construídas pelos próprios moradores.

A oficina faz parte do segundo ano do projeto, que no primeiro momento se concentrou em pesquisas bibliográficas e no desenvolvimento de metodologias participativas. O bairro Castelinho, escolhido como estudo de caso, possui uma forte raiz familiar e cultural, com origem em uma ocupação histórica ligada à antiga propriedade do político Manuel Lebrão. A partir de sua morte, as terras foram ocupadas por descendentes de Álvaro Paná — figura marcante na história local —, e se transformaram em um território vivo, repleto de histórias, tradições e desafios.

Coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo e responsável pela atividade, a professora Letícia Prudente destaca a importância do vínculo com a comunidade local: “Foi uma primeira oficina que realizamos com a comunidade escolhida, depois de já termos testado a metodologia com nossos estudantes. O objetivo foi criar um espaço de escuta e reconhecimento, onde os próprios moradores pudessem se localizar no mapa, contar suas histórias, identificar seus vínculos familiares e refletir sobre o que gostam e não gostam do bairro. Queremos sair de uma abordagem impositiva e construir, junto com eles, uma visão mais justa e participativa do território”, afirma.

A atividade contou com a presença de moradores antigos, incluindo uma senhora de 86 anos, filha direta de Álvaro Paná e considerada matriarca da comunidade, além de representantes de centros culturais locais, como o Quilombo da Serra, espaço referência em práticas culturais e resistência no bairro. Professores e estudantes dividiram-se em grupos com os moradores, que localizaram suas casas em mapas, relataram suas experiências no bairro e contribuíram com a reconstrução da árvore genealógica da comunidade.

Para além do levantamento histórico e espacial, a ação também promoveu uma importante troca interdisciplinar entre os cursos. “O maior desafio tem sido integrar as linguagens tão específicas do Direito e da Arquitetura”, observa Letícia. “Mas essa troca tem se mostrado rica e necessária para a construção de metodologias mais humanas, que realmente acolham e compreendam os territórios populares.”

A atividade envolveu ainda o Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) e deve desdobrar-se em novas ações de extensão e aprofundamento do estudo de campo.

Uma nova oficina já está programada para agosto, quando os moradores irão construir, junto com os estudantes, uma linha do tempo coletiva com as memórias do bairro. O projeto ainda pretende contribuir futuramente com estudos voltados à regularização fundiária da área — tema sensível para os moradores, que demonstraram preocupação quanto à posse da terra, hoje sob responsabilidade do INSS.

“O mais importante é que os moradores perceberam o interesse genuíno da instituição pela história deles. Isso fortalece o coletivo local e amplia as possibilidades de enfrentamento das questões que envolvem o território. Para os estudantes, foi uma vivência potente de escuta, percepção e empatia — fundamentais para uma atuação ética e comprometida como futuros profissionais”, conclui Letícia Prudente.



Por Giovana Campos


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