O Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) promoveu o XI Dia do Peixe e a 6ª Reunião Científica de Aquicultura e Pesca do Unifeso, que aconteceram de 1 a 4 de novembro. Os eventos são totalmente planejados e executados pelos estudantes do curso de Medicina Veterinária e têm como objetivo divulgar a produção técnico-científica da comunidade acadêmica, além de criar um espaço para a discussão das questões importantes para a aquicultura continental e para a pesca artesanal no estado do Rio de Janeiro. 

No ano passado, por conta da pandemia da Covid-19, as atividades foram 100% on-line, mas este ano, já foi possível realizar os eventos de forma híbrida. “É com muita felicidade que voltamos com as atividades presenciais do Dia do Peixe, em ambiente controlado e adaptado, ainda por conta da pandemia da Covid-19. Acabamos incorporando algumas atividades on-line também este ano, para podermos atender a todo o tipo de público que quer participar. Tivemos três lives de abertura com palestrantes de Goiás, de Joinville e de Pernambuco, e isso só foi possível graças à virtualidade”, explicou a professora Beatriz Sturm.

Todos os anos os eventos trazem uma série de novidades, e esse ano não poderia ser diferente. Ele foi planejado e organizado por alunos do 1º e 2º períodos. “A disciplina que incorporou os eventos é a IETC, que tem a função de levar informação e de trazer oportunidade de prática para o estudante. Então mesmo os alunos recém-chegados estão planejando e executando esses eventos. São eles quem escolhem os palestrantes, quem conseguem patrocínios, fazem a lista de compras, compram os alimentos e preparam o cardápio, composto por pratos à base de tilápia”, explica a professora. Ela lembra também que o peixe servido no dia do evento é produzido na faculdade. Foram as turmas de 1º e 2º anos que produziram o peixe, despescaram, filetaram, congelaram, começaram o processamento e que prepararam os pratos servidos aos convidados. 

“Tivemos um mês para organizar os eventos, foi bem corrido e estressante, mas ficaram maravilhosos. Este ano conseguimos voltar com as palestras presenciais, com o almoço e estamos arrecadando alimentos para serem doados à Mansão dos Velhinhos”, destacou a estudante Giovanna Lak Grynberg, que ficou responsável pela coordenação dos eventos.

Participaram palestrantes ilustres, tanto no formato on-line como no presencial. Os estudantes puderam conhecer as experiências profissionais de produtor de camarão, de consultor em aquicultura, de produtora de pescado e de pesquisador no segmento. “Conseguimos palestrantes para o evento presencial com muita experiência para passar aos estudantes. Precisamos de experiências reais. Através desse contato, é possível estabelecer convênios de estágio e visitas técnicas. Um evento desse tipo, quando bem aproveitado, pode surtir muitos efeitos benéficos na carreira do aluno”, disse a professora Beatriz. 

O curso de Medicina Veterinária vem recebendo investimentos e ganhou, recentemente, tanques novos para a criação das tilápias. O Unifeso agora conta com um tanque escavado coberto com lona e mais três tanques lonados, além de estrutura com sala de reunião, vestiário e banheiro, possibilitando ao aluno praticar de verdade. “Além dos investimentos que vêm sendo feitos, a instituição de ensino está extremamente interessada nas nossas pesquisas. Temos linhas de estudos diferentes, mas nosso foco tem sido a sustentabilidade, que, inclusive, é o tema do evento este ano. Sendo assim, pensamos em alternativas de reuso ou recirculação da água na aquicultura para minimizar os impactos ambientais e aprender a lidar melhor com a escassez de água do inverno. Queremos desenvolver um modelo de sistema de recirculação de água e oferecer essa possibilidade aos produtores da região. A ideia é tornar possível a produção em períodos de estiagem”, adiantou a professora Beatriz.

A sustentabilidade, inclusive, foi tema da palestra de Lucius de Sá Freire, extensionista-chefe do escritório regional Serrana da Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (FIPERJ). Ele abordou o sistema de produção sustentável na aquicultura e apresentou um breve histórico da área e o momento atual no Brasil, além de destacar o que a parte técnica pode fazer para contribuir para as soluções que estão em elaboração na área da aquicultura. Lucius falou sobre a conservação de água, a boa utilização da água, o reuso, a filtração para que o próximo possa usar na mesma qualidade, além de várias tecnologias já desenvolvidas. 

“Nosso país tem cerca de 3% da população mundial e quase 13% da água doce do mundo. Porém, até mesmo dentro do Brasil esses números se distribuem de maneira diferente. Cada momento precisa de uma tecnologia, ou de um conjunto de tecnologias, para sermos cada vez mais adequados ambientalmente”, destacou o palestrante. 

Por Juliana Lila