A organização não governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) sempre desperta a atenção de muitos profissionais da área da Saúde. Não foi diferente com a biomédica Daniele Costa Abreu, que acompanhava o trabalho desses bravos profissionais de longe, sem muita esperança de fazer parte deste grupo, e hoje coleciona histórias para contar sobre sua atuação na instituição que oferece ajuda humanitária e ação médica em locais onde há carência de tudo.
Daniele foi uma das convidadas, do curso de Biomedicina do Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), a palestrar no VI Congresso Acadêmico-Científico do Unifeso (VI Confeso), que aconteceu de 26 a 28 de outubro. Ela participou da conferência “O biomédico e o voluntariado”, quando discorreu sobre sua trajetória profissional.
A palestrante é formada em Biomedicina pela UniRio, desenvolveu a carreira como especialista em virologia e trabalhou por bastante tempo com citogenética, fez mestrado em Fisiopatologia Clínica Experimental na UERJ e, por fim, escolheu trabalhar como voluntária na MSF. Em 2014, ainda durante o surto de ebola, no Congo, ela enviou o currículo para a MSF-Brasil. Alguns meses depois, foi chamada para participar do processo seletivo, e, então, tinha início a ansiosa espera para a primeira participação em um projeto da ONG. “Em um certo momento da minha vida, resolvi que queria trabalhar em uma pandemia, vejam só que coisa curiosa!”, riu Daniele.
Porém, em 2015, foi convidada para atuar como gestora de laboratório no projeto de HIV/Aids e TB (tuberculose) da MSF em Maputo, capital de Moçambique. “O projeto, em relação à parte laboratorial, era focado nos pacientes em tratamento de segunda e de terceira linha para HIV e infecções oportunistas, como sarcoma de Kaposi, Criptococcus, além de pacientes em tratamento para tuberculose, tuberculose multirresistente (TB-MDR) e tuberculose ultrarresistente (TB-XDR). Nosso trabalho era garantir os testes laboratoriais para que a equipe clínica tivesse melhores dados para suas decisões e acompanhamento destes pacientes. Além da rotina laboratorial, prestávamos suporte para as pesquisas operacionais. Somado ao trabalho no centro de referência, também apoiávamos alguns centros de saúde da cidade de Maputo. Moçambique tem um Ministério da Saúde bastante presente, e devemos trabalhar de acordo com as regras já estabelecidas e atuar como parceiros”, disse.
Em 2017, Daniele foi para a Guiné Bissau trabalhar em um projeto de atividade neonatal e malária. “Lá, qualquer pessoa com febre e diarreia era indicada como tendo malária, porque é a ocorrência em maior número. Só que a MSF começou um estudo com o Instituto Pasteur do Senegal para poder entender se todos os casos de febre correspondiam, de fato, à malária. Então eu também cuidava das amostras desse estudo”, explicou.
Além da palestra de Daniele, os estudantes do curso de Biomedicina puderam participar de outros eventos, como “Glia Embainhante Olfatória como imunoterapia para o tratamento de gliobrastoma”, com a Dra. Litia Carvalho; “A trajetória do biomédico na saúde pública”, com a Dra. Cássia de Fátima Rangel Fernandes; e “Fermentação e Empreendedorismo”, com Fernando Goldenstein e Leonardo Andrade.
Por Juliana Lila