Unifeso - Jornada da Psicologia pela luta Antimanicomial traz mostra do Museu da Loucura, em Barbacena

CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS




Jornada da Psicologia pela luta Antimanicomial traz mostra do Museu da Loucura, em Barbacena

30-05-2023

Em 18 de maio é comemorado, em todo o país, o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Organizado por diversos movimentos sociais, grupos, coletivos e entidades, o dia é de celebração e de luta, em espaços públicos, serviços de saúde mental e universidades. No Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso), a data não poderia passar em branco.

Os estudantes do 5º e do 7º períodos do curso de Psicologia organizaram, de 15 a 18 de maio, a Jornada da Psicologia pela luta Antimanicomial, que contou com palestras, rodas de conversa, apresentação de trabalhos e uma exposição no espaço de convivência do prédio Renascença com quadros pintados pelos usuários do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Guapimirim, além de uma instalação que fazia alusão a um manicômio, expondo o que os estudantes viram em uma viagem que fizeram ao Museu da Loucura (antigo hospital psiquiátrico), em Barbacena (MG).

“Lá no Museu da Loucura, em nosso estudo de campo, conversamos sobre fazer um trabalho, e o suposto trabalho acabou virando a jornada. Os estudantes puderam enviar e submeter trabalhos, tivemos muita participação. Trouxemos uma exposição dos trabalhos dos usuários do Caps de Guapimirim. Através das produções artísticas, os usuários se expressam, criam e geram renda”, explicou Wilber Canto, estudante do 5º período e um dos organizadores do evento.

A estudante Letícia Nascimento, também do 5º período, contou que os quadros expostos no evento estavam à venda. “São pinturas realizadas pela oficina de arteterapia do Caps Guapimirim. Através da arte, eles acabam se expressando e desenvolvendo a pintura”, contou.

Na instalação sobre as realidades dos manicômios, os estudantes expuseram medicamentos, instrumentos de tortura, fotos e documentos da triste realidade à qual pessoas, que fugiam dos padrões sociais, eram submetidas, há até pouco tempo, nos chamados hospitais psiquiátricos. Nas fotos era possível observar os internos muito marginalizados, geralmente sujos e maltrapilhos.

“Faz a gente repensar, mesmo que a situação tenha melhorado muito, isso ainda perpetua, pois não era só um local, era uma lógica. A gente pensou em representar esse espaço como uma coisa fria, fechada, com sofrimento. Esse espaço representa todo esse caos humano que eram os hospitais psiquiátricos. Pra se ter uma ideia, o Museu da Loucura, em Barbacena, foi chamado de holocausto brasileiro. As pessoas ficavam jogadas ali, usavam correntes, celas, roupas rasgadas, eram dopadas e desumanizadas. E os tratamentos, naquela época, eram muito controversos. Neste espaço quisemos justamente mostrar aquela realidade anterior à década de 70”, explicou Saulo Maia Pinto, do 1º período do curso.

O Museu da Loucura foi um hospital colônia, onde eram tratadas doenças de pessoas da elite. Depois ele foi abandonado e começaram colocar lá várias pessoas rejeitadas pela sociedade: homossexuais, mulheres que tinha filhos fora do casamento, dentre outras. “Os pacientes chegavam, rapavam-lhes a cabeça e recebiam um uniforme azul. Como não existiam investimentos, não havia comida de qualidade, muitos morriam de frio no inverno, os banheiros eram no pátio, e a água que bebiam era a mesma com a qual se lavavam”, contou Saulo.

Andrea Doczi, professora e tutora do curso de Medicina, ficou bem impressionada com tudo o que viu e sugeriu aos estudantes um espaço para reflexão com relação aos preconceitos que envolvem a questão da doença mental. “É muito comum ver os jovens hoje passando por questões de transtorno de ansiedade, de depressão e de pânico e, muitas vezes, ficam paralisados, sem conseguir assumir que isso está acontecendo com eles. Então acho urgente trazer o tema para a discussão. Os estudantes de Psicologia estão de parabéns, a exposição está incrível”, pontuou.

Por Juliana Lila


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